Grávida pode beber chimarrão ou mate?
As perguntas “grávida pode beber chimarrão?” e “grávida pode beber mate?” são das mais frequentemente recebidas aqui no Maternidade com Ciência. Recomendar o que “pode” ou “não pode” durante a gravidez é um dos maiores desafios, porque nem sempre conseguimos respostas claras.
O problema é que essas bebidas feitas com erva-mate contém substâncias com ação estimulante , como a cafeína e a teofilina. Existem vários trabalhos relacionando o consumo excessivo dessas substâncias com alterações fetais, como restrição de crescimento, maior risco para parto prematuro e baixo peso ao nascer. Se analisarmos as poucas pesquisas feitas com o consumo de chimarrão ou mate por gestantes, veremos que não temos estudos muito conclusivos e capazes de demonstrar seguramente uma “dose ideal” de consumo diário sem riscos gerais.
Uma análise feita no Rio Grande do Sul em 1993 não encontrou associação entre o consumo diário de chimarrão durante a gravidez e o risco dos bebês serem PIG (pequenos para a idade gestacional). Porém, não podemos extrapolar essas conclusões, até mesmo porque o quanto é o “consumo diário” deixa dúvidas.
Existe um relato na literatura de síndrome de abstinência neonatal após o consumo crônico de mate durante a gestação. Além disso, essas bebidas são muito ricas em flavonoides, cujo consumo excessivo no último trimestre pode estimular o fechamento precoce do canal arterial do bebê (isso já foi tema de posts passados). Por isso tudo, o ideal é ter muita cautela no consumo. Já vi conselhos liberando uma cuia de chimarrão/tererê ou um copo de mate por dia, mas se isso é realmente ideal ou não, é bem difícil saber – até porque existe uma variação individual no metabolismo da cafeína.
Ou seja, novamente uma resposta concreta é difícil, já que não temos parâmetros suficientes na literatura que possam dizer qual seria a quantidade segura para consumir durante a gravidez. Diante disso, o ideal é que a grávida e os profissionais de saúde possam conhecer todas as evidências científicas disponíveis para que tomem a melhor decisão possível.
Artigos científicios para quem quiser saber mais:
Excelente artigo. importante lembrar que eu só descobri que nós lactantes temos restrições alimentares quando levei minha filha em sua primeira consulta com o Pediatra dez dias após seu nascimento.(A primeira consulta acontece sempre após os sete, dez dias.
Até então, tudo o que tinha pra comer, eu mandava pra dentro. Já que amamentar dá uma baita fome!
Mas então o Pediatra de meus filhos me explicou que, alguns alimentos podiam fazer com que a cólica e os gases viessem com mais intensidade provocando mais dor e desconforto para o bebê.
Parabéns seu artigo ficou ótimo, estou escrevendo sobre o assunto no meu blog, dá uma olhada lá sua opinião será muito importante. abraços