Como evitar viroses em crianças que frequentam ambientes compartilhados?
Quando começa a época do frio, muitos pais já ficam arrepiados pensando em quando chegará a primeira virose respiratória, principalmente para aqueles bebês ou crianças que frequentam creche, escola ou outros espaços de convívio. E quais as medidas para evitar as viroses em crianças? Além da vacinação e de manter uma boa alimentação na criança, alguns cuidados extras podem ser tomados. Já falei aqui sobre a eficácia do uso do álcool gel nas mãos para prevenção da gripe. Para crianças que frequentam espaços onde convivem com outras, essa medida pode ser benéfica, já que tende a evitar a transmissão de vírus através de brinquedos compartilhados.
Um trabalho publicado recentemente no jornal pediátrico Pediatric Infectious Disease Journal demonstra que vírus comuns, como o da gripe, podem sobreviver por até 24 horas em brinquedos plásticos. Já se acreditava que os brinquedos fossem uma fonte transmissora de infecções virais entre crianças, principalmente quando pensamos nos brinquedos das escolas, creches e consultórios médicos.
Nesse trabalho específico, os pesquisadores testaram quanto tempo demora para um vírus envelopado, como o da gripe, se tornar inativo na superfície de brinquedos plásticos em um ambiente doméstico. O resultado foi que, em um ambiente com umidade relativa de 60% e temperatura de 22 graus, os vírus sobreviveram por até 24 horas após serem inoculados na superfície dos brinquedos. Quando a umidade relativa era de 40%, somente 0,01% dos vírus sobreviveram após a segunda hora, mas mesmo assim ainda foram encontradas partículas virais ativas até dez horas após a inoculação.
Ou seja, os brinquedos podem ser um veículo para a transmissão de viroses até mesmo 24 horas após o contato com os vírus, o que mostra a necessidade de adotar algum processo de limpeza e descontaminação frequente em ambientes nos quais as crianças compartilham brinquedos!
O estudo apresenta algumas limitações, pois não avaliou outros tipos de vírus não respiratórios, como é o caso das viroses gastrointestinais, e também de bactérias que provocam infecções em crianças. Outro ponto que precisamos levar em consideração é que os bebês e crianças podem tocar em outros objetos (além dos brinquedos plásticos), como maçanetas de portas, mesas, cadeiras, etc, e não sabemos ao certo qual a viabilidade dos vírus nesses outros materiais. Apesar disso, o trabalho ajuda a reforçar o que comentei lá acima, sobre como prevenir viroses em bebês e crianças. Lavar constantemente as mãos e/ou usar álcool é uma boa medida!
Referência do artigo científico para saber mais: Bearden RL e Casanova LM. Survival of an Enveloped virus on toys. Pediatric Infectious Disease Journal, 2016.