O cérebro feminino sofre perda de massa com a maternidade
Um estudo super impactante publicado na Nature Neuroscience revelou que a gravidez é capaz de diminuir a quantidade de massa cinzenta de determinadas regiões do cérebro da mulher. Apesar do estudo ser inédito, essa teoria já era bem especulada há um tempo. Alguns estudos em ratos já tinham conseguido provar que a arquitetura cerebral das grávidas é alterada (permanecendo assim no pós-parto).
Nesse trabalho, os pesquisadores realizaram exames de ressonância magnética cerebral em 25 mulheres antes e depois de sua primeira gravidez; 19 homens que também se tornaram pais pela primeira vez e em 20 mulheres que nunca engravidaram. Todas as mulheres que engravidaram tiveram perda de massa cinzenta, porém é importante lembrar que nem sempre essa perda tem um aspecto negativo!
A perda de massa cinzenta pode ser o resultado de uma reorganização cerebral para tornar as mães mais responsivas às necessidades do bebê, mais apegadas a ele e mais capazes em detectar ameaças aos filhos.
Apesar de serem ainda hipóteses, alguns experimentos feitos pelos pesquisadores ajudam a comprovar essa associação “positiva” da perda de massa cerebral: não foram observadas alterações em testes que avaliaram habilidades cognitivas nas mulheres no pós-parto. Além disso, a perda de massa cinzenta foi positivamente relacionada com o engajamento da mãe com seu filho. Quando as mamães olharam fotos dos seus filhos, foi observada uma elevada atividade neural nas mesmas regiões cerebrais que perderam massa cinzenta durante a gestação! Essas mudanças anatômicas no cérebro foram visíveis até 2 anos após o parto (o prazo máximo que as mulheres do estudo foram acompanhadas).
Quanto à perda de memória na gestação e pós-parto, não foi dessa vez que a ciência conseguiu comprová-la! O trabalho demonstrou perda de volume no hipocampo (região associada com a memória), mas não conseguiu associar essa perda com déficits em testes de memória verbal. Talvez se eu tivesse sido avaliada na pesquisa, os resultados dos testes de memória teriam sido diferentes… mas o que é que estava falando mesmo?
Referência do estudo para saber mais: Hoekzema E, et al. Pregnancy leads to long-lasting changes in human brain structure. Nature Neuroscience 20, 287–296,